Sala de espera da morte
E não é só ver corpos sendo
consumidos pelo fogo ao ar livre que pode surpreender o turista na Índia. Atrás
da "ghat" (escadaria que leva ao Ganges) onde os corpos são cremados,
há uma espécie de favela recheada de velhinhos vindos de todas as partes da
Índia, muitos deles de aspecto doentio e com uma missão: esperar pela morte. É
possível vê-los dentro de casebres ou sentados sobre ruelas de terra. O
objetivo de cada um deles é falecer perto do Ganges, ser cremado às suas
margens e ter suas cinzas jogadas no rio, para realizar o ciclo.
Bebendo água sagrada (e poluída)
Há uma história, não comprovada, mas
muito comentada no mundo dos viajantes, de que mais da metade dos turistas que
visita a Índia terá problemas de intoxicação alimentar pelo menos uma vez
durante a jornada. E não deve ser exagero: este repórter, que esteve no país
por dois meses, ficou seriamente doente algumas vezes por lá e conheceu muita
gente que passou pela mesma situação (e isso, provavelmente, por comer uma
saladinha não muito bem lavada em algum restaurante). Por isso, é chocante ver
fiéis bebendo as águas do Ganges durante o lindo ritual hindu realizado
diariamente em Varanasi antes do amanhecer. Os hindus acreditam que as águas do
Ganges purificam a alma e muitos a bebem. O problema é que a parte do Ganges
que banha Varanasi é extremamente poluída, com esgoto, restos mortais humanos e
até cadáveres de vacas sagradas sendo jogados no local todos os dias.
"Este rio é tão sagrado que não nos faz mal", dirão muitos hindus se
questionados se não têm medo de ingerir a água do Ganges
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